Extintos desde finais do século XIX, os veados foram reintroduzidos, entre 1995 e 1999, na Serra da Lousã, que abrange municípios dos distritos de Coimbra (Lousã, Góis, Miranda do Corvo e Penela) e Leiria (Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos). Começaram por ser 100. Hoje em dia serão cerca de 3000.
Com o fim do verão e a chegada do outono, o amor começa a despertar na Serra da Lousã. Durante o pôr do sol e o amanhecer, com as temperaturas baixas e o misticismo da noite, os veados (Cervus elaphus) iniciam a época da "brama" - ou cio - naquele que é considerado um dos espetáculos mais belos e arrepiantes da natureza.
Este momento - que dura cerca de 1 mês, entre setembro e outubro - corresponde a um pico de afluência de turistas à Serra da Lousã, sendo este um dos melhores locais no país para assistir à brama. Existem caminhadas de observação organizadas por diversas entidades, como a ADXTUR ou a Lousitânea, cujo objetivo é conseguir avistar pelo menos um cervídeo e ouvir o retumbar dos seus bramidos pelas encostas da serra.
Tal nem sempre é possível, existem vários fatores que influenciam a observação destes animais, desde logo, as condições atmosféricas (com chuva, é quase impossível ter uma experiência satisfatória), e o silêncio (os visitantes não podem fazer barulho sob pena de afastarem os animais).
Com as referidas condições e alguma sorte, é possível ver grupos de fêmeas e crias, e os machos que as tentam cortejar, envolvendo-se em lutas de hastes. É um ritual de vida, raramente há sangue, ferimentos ou morte. Os machos lutam, encaixam os seus vistosos cornos, em pancadas secas, e aquele que mais força empurrar sai vencedor. O macho derrotado desiste e abandona o território.
Um cervídeo da Serra da Lousã - o maior mamífero que a habita - pode chegar aos 170kg e aos 2 metros de altura, perdendo neste período reprodutivo algum do seu peso. São animais imprevisíveis, sobretudo durante esta época, e por isso devem ser encarados com respeito, e observados à distância.
As imagens* conseguem captar a raridade destes animais, como se fossem aparições religiosas. Quem os ouviu, não esquece as suas vocalizações. São pedidos ternos e sedutores, que denunciam a fragilidade dos machos nesta altura. Mas são também demonstrações de força e de virilidade que afastam outros competidores.
Após o período da brama, as hastes dos veados caem, iniciando-se um novo ciclo até à próxima brama.
Extintos desde finais do século XIX, os veados foram reintroduzidos, entre 1995 e 1999, na Serra da Lousã, que abrange municípios dos distritos de Coimbra (Lousã, Góis, Miranda do Corvo e Penela) e Leiria (Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos). Começaram por ser apenas 100 e, hoje em dia, já serão cerca de 3000.
Apesar do sucesso do programa de reintrodução de veados, liderado por Carlos Fonseca (Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro), os veados enfrentam alguns problemas como a caça ilegal e o conflito com a presença humana (destruição de hortas e culturas; familiarização com seres humanos). Mais recentemente, a população de veados da Serra da Lousã foi afetada pelos incêndios, não só no número como no habitat, migrando para zonas não ardidas. Segundo habitantes da Lousã e Castanheira de Pera, agora é possível ver mais veados e em locais onde não seriam frequentemente avistados, como na Estrada Nacional 236 (Alfocheira).
* - Imagens gentilmente cedidas pelos fotógrafos João Almeida e Pedro Correia de Paiva, aos quais agradecemos a colaboração.
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