Éno centro de Coimbra, junto ao Jardim Botânico, que encontramos um dos lugares mais belos da cidade - porém pouco conhecido - onde a história, a cultura e a espiritualidade se cruzam.
Referimo-nos ao Seminário Maior de Coimbra, a jóia escondida da cidade. Quem entra pela primeira vez no local, inaugurado no século XVIII, mais propriamente no ano de 1765, depara-se com a beleza inegável da arquitetura italiana, uma arte apreciada pelo fundador do Seminário, D. Miguel da Anunciação, bispo de Coimbra durante 40 anos. Pertencente a uma família nobre, D. Miguel da Anunciação, financiou o projeto da construção do Seminário, com a fortuna privada da sua família. A construção do Seminário, desenrolada entre 1748 e 1765, sofreu pequenos abalos nomeadamente devido ao Terramoto de 1755, podendo ainda ser visíveis as marcas referentes a este acontecimento.
Até ao ano de 2012, a formação eclesiástica, realizada pelos seminaristas, tinha lugar no Seminário Maior de Coimbra, algo que mais tarde, pela falta de alunos, deixou de acontecer. Só recentemente, desde junho de 2017, o local abriu ao público para visitas guiadas. As visitas são orientadas por um guia especializado, e poderão ser visitados locais como o Refeitório, as Escadas em Caracol, a Capela de São Miguel, os Aposentos Episcopais, a Varanda do Mondego, a Sala dos Azulejos, a Biblioteca Velha e a Igreja de Sagrada Família.
As refeições diárias dos moradores do Seminário Maior de Coimbra realizavam-se no refeitório, e eram acompanhadas por leituras da bíblia feitas pelos próprios seminaristas num púlpito. As refeições eram confecionadas por freiras, que entregam os pratos através de uma roda, que se encontra na cozinha, de forma a evitar o contacto.
O local ainda hoje se encontra em funcionamento. É possível os visitantes terem uma experiência de almoço por 8€/pessoa com reserva prévia.
Ao subirmos as longas escadas em caracol, que dão acesso ao amplo edifício, deparamo-nos com o admirável fresco pintado no teto da autoria do italiano Pascoal Parente, igualmente responsável pela execução dos restantes frescos encontrados ao longo do percurso. Esta parece uma “escadaria em direção ao céu”, pois o fresco pintado no teto transmite essa ilusão.
É no altar da Capela de São Miguel, que se encontra o arcanjo com o mesmo nome, vestido como um guerreiro, por se tratar de um comandante das Milícias Celestiais, isto é, do Exército de Deus. Além de encontramos esta figura no centro do altar, a Capela dispõe de diversas relíquias mortais, ou até mesmo objetos tocados outrora por santos ou mártires, que deram a sua vida pela religião cristã.
Embora normalmente os Bispos residissem no Paço Episcopal, e não nos Seminários, aqui encontram-se os aposentos de alguns Bispos de Coimbra, que após a Implantação da República, em 1910, ficaram sem o Paço Episcopal da Cidade de Coimbra (atual Museu Nacional de Machado de Castro). Assim até à data de 1961 viveram no Seminário quatro Bispos, que abandonaram o local após a construção de um novo Paço Episcopal na cidade. Os Aposentos Episcopais são constituídos pela sala de audiências, quarto e escritório.
Através da Varanda do Mondego, é possível observar os terrenos que se encontram à volta do edifício, tendo igualmente vista privilegiada para a cidade e para o Rio Mondego. São também visíveis os locais onde os alunos realizavam atividades físicas, como futebol e andebol, uma vez que o exercício fazia igualmente parte da escola dos seminaristas.
A quinta do Seminário, um espaço autossuficiente, era o local onde eram produzidos e cultivados os alimentos necessários para alimentar os habitantes do Seminário.
A Sala dos Azulejos, apresenta-se como uma sala de aula de extrema importância, onde se realizavam as cerimónias de início do ano letivo, assim como o exame final de Teologia.
Com cerca de 9.000 volumes, a Biblioteca Velha do Seminário apresenta livros datados de 1507 a 1800. Os livros encontram-se organizados por temáticas relacionadas ao ensino dos seminaristas, tais como Teologia, Direito Canónico e Civil, História, Escrituras e também, curiosamente, livros de ciências. A biblioteca não se encontra consultável para a maioria das pessoas, havendo uma outra biblioteca num dos edifícios laterais ao edifico central, destinada a esse fim.
É no final de visita, que chegamos ao “coração do Seminário” - a Igreja da Sagrada Família - onde se observa a Virgem Maria, numa das laterais da igreja e na sua frente, na outra lateral, São José com o menino Jesus.
O órgão datado do século XVIII, foi construído na própria Igreja, para se possibilitar um encaixe perfeito na parede. Na Igreja em questão encontram-se diversas relíquias, referentes a vários Santos.
Uma vez por semana, aos domingos, pelas 11h, a Igreja abre ao público para a missa.
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