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Um estudo divulgado na sexta-feira, 28 de março, pela Universidade de Aveiro (UA) revelou uma alteração na dieta da baleia-anã, nas águas atlânticas da Península Ibérica, atribuída a variações na abundância de sardinha.
“O estudo, que analisou a dieta desta espécie de cetáceo entre 2005 e 2024, demonstrou que, durante o período de escassez de sardinha (2005-2015), resultante da pesca excessiva, a baleia-anã diversificou a sua alimentação, incluindo espécies como carapau e cavala”, explica uma nota de imprensa.
No entanto, acrescenta, “com a recuperação do stock de sardinha (2016-2024), essa espécie tornou-se a principal fonte de alimento para as baleias”.
Sílvia Monteiro, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do ECOMARE da UA, realça o impacto positivo das medidas de gestão da pesca na recuperação dos stocks de sardinha.
Aquela investigadora alerta também para a vulnerabilidade da baleia-anã, “uma espécie com elevado custo metabólico e dependente de presas com alto valor nutricional”.
“A diminuição da disponibilidade destas presas pode comprometer a sua condição física e a resiliência da população, atualmente classificada como 'Vulnerável' na Península Ibérica”, adverte.
O estudo da UA evidencia ainda “uma potencial sobreposição entre os recursos explorados pela pesca comercial e a alimentação da baleia-anã, o que pode representar um risco de impacto negativo, especialmente em situações de diminuição dos stocks de peixe e alta pressão pesqueira”. Nestes casos, a pesca pode ameaçar diretamente as baleias, através da captura acidental, ou indiretamente, pela sobre exploração das suas presas.
Os investigadores defendem a necessidade de reforçar a monitorização dos stocks de peixe e de implementar medidas para reduzir a captura acidental de cetáceos.
Sílvia Monteiro destaca ainda o papel ecológico das baleias-anãs “no sequestro de carbono e na produtividade marinha”, salientando a importância da sua conservação “para a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos e a resiliência climática”.
O estudo foi realizado em colaboração com investigadores do Centro Oceanográfico de Vigo (COV, IEO-CSIC), do Instituto de Investigacións Mariñas (IIM-CSIC) e das redes de arrojamento de Portugal e da Galiza.
SNS com “recorde” de 713 médicos aposentados a trabalhar no final de 2024
Lisboa, 28 mar 2025 (Lusa) – Mais de 700 médicos aposentados estavam a trabalhar no SNS no final de 2024, mais de metade dos quais em centros de saúde, uma medida implementada nos últimos anos e que o Governo vai manter em 2025.
A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) adiantou hoje à agência Lusa que, no final de dezembro de 2024, “se verificou um total recorde de 713 médicos aposentados no ativo” no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Segundo os dados da ACSS, desse total de 713 clínicos, 464 encontravam-se nos cuidados de saúde primários, 234 trabalhavam nos hospitais públicos e 15 nos serviços centrais.
Dos 713 médicos aposentados ativos, 85,8% encontrava-se em regime de tempo parcial.
Em causa está um regime excecional que entrou em vigor em 2010 por um período de três anos, que permitia a contratação de aposentados pelos serviços e estabelecimentos do SNS para dar resposta à falta de médicos em Portugal, mas que tem sido prorrogado desde então.
Para 2024, o anterior Governo fixou em 900 o número de médicos aposentados a contratar para o SNS, ao abrigo desse regime excecional, um contingente que é definido anualmente através de despacho.
Já para este ano, o despacho do ministro das Finanças e da ministra da Saúde publicado hoje em Diário da República aumenta o contingente, definindo que podem ser contratados até 1.070 médicos aposentados.
De acordo com o despacho, esse contingente de 1.070 abrange a celebração de novos contratos de trabalho com clínicos que estejam aposentados, mas também a renovação de contratos em execução em 31 de dezembro de 2024.
O documento salienta também que as características da atual demografia da classe médica têm potenciado um elevado número de aposentações, situação que se vai ainda manter nos próximos anos, em especial, na especialidade da medicina geral e familiar (médicos de família).
O reforço da resposta assistencial do SNS com médicos aposentados é uma medida que está contemplada no plano de emergência e transformação da saúde, aprovado pelo Governo no final de maio de 2024.
Um relatório sobre recursos humanos da saúde divulgado em 2023 alertava que um em cada quatro médicos tinha mais de 65 anos, um envelhecimento da classe que resultará numa vaga estimada de cerca de 5.000 aposentações até 2030.
“A presente década de 2020–2030 será marcada por um elevado volume de aposentações de médicos do SNS. Prevê-se neste período a aposentação de cerca de cinco mil médicos, a que acresce a aposentação de médicos que trabalhem exclusivamente no setor privado”, referia o documento dos investigadores Pedro Pita Barros e Eduardo Costa.
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