Em várias localidades da região Centro, o Carnaval é um tema muito sério. Nalguns casos, os preparativos começam logo após a edição do ano anterior terminar, e ao longo do ano há muito trabalho a fazer, e quase sempre voluntário: preparar as máscaras, desenhar e costurar os fatos, escolher as músicas, treinar as coreografias. Noutros, as tradições marcam o compasso das festas e a responsabilidade aqui é mantê-las e dar-lhes continuidade. E desengane-se quem ainda acha que o Carnaval se resume ao desfile da tarde de terça-feira, feriado. As festividades duram, muitas vezes, um mês inteiro, o que dá a possibilidade aos foliões de visitarem diferentes conceitos carnavalescos, e de muitos associações e escolas participarem nos carnavais vizinhos.
Seja no Carnaval na versão dobrada em brasileiro, ou no tradicional Entrudo em que se dá tudo, de samba no pé ou cortiço na cara, qual é o seu Carnaval preferido da região? Escolhemos os principais Carnavais da região e fomos procurar saber mais sobre a sua história. Para votar, clique numa das opções no módulo para o efeito no canto superior direito da página. A votação decorre até ao dia 14 de fevereiro.
Foto: Lousitanea
Aldeias de Xisto de Góis
A tradicional Corrida do Entrudo das Aldeia do Xisto de Góis percorre as aldeias de Aigra Nova, Pena, Cerdeira, e Ponte Sotão. Os foliões usam roupas velhas, trapos, máscaras elaboradas a partir de cortiços (tampa da colmeia), e adornadas com cornos de cabras, barba de milho, lã de ovelha, hastes de veados ou dentes de javali.
Depois da corrida e da brincadeira, retemperam-se forças com o prato mais famoso da região da Serra da Lousã: a Chanfana.
Cabanas de Viriato
Este é talvez o Carnaval mais peculiar do país: a “Dança dos Cus” de Cabanas de Viriato (Carregal do Sal) consiste numa dança pelas ruas, em que os pares, divididos em duas filas, ao terceiro compasso da música, viram-se para o centro e chocam os traseiros.
Esta tradição remonta ao século XIX, quando os actores de um grupo de teatro, após um espectáculo no Teatro dos Bombeiros, entusiasmados com êxito obtido, saíram à rua e percorreram a vila ao som de uma valsa, em contradança, daquele espectáculo. Criou-se assim a "Dança Grande", que hoje é tocada ao som da Filarmónica e com a presença de cabeçudos.
Foto: Carnaval de Canas de Senhorim
Canas de Senhorim
A origem do
Carnaval em Canas de Senhorim acompanhou a evolução histórica da localidade. Nasceu com a formação dos bairros do Paço, zona nobre, e do Rossio, onde se instalou o povo e a burguesia. A diferença social dos seus habitantes foi razão suficiente para que estes dois grupos se confrontassem no Carnaval, altura do ano propícia à denúncia e à crítica, sem ninguém “levar a mal”.
Hoje em dia, continuam a organizar-se duas marchas carnavalescas que percorrem as ruas da vila, na 3ª Feira de Carnaval, e se confrontam no cruzamento da rua principal do bairro do Rossio com a rua que dá acesso ao bairro do Paço. Acontece então o Despique, o momento em que os dois grupos cantam e dançam com mais convicção, numa batalha festiva. O grupo que se impuser na alegria e na boa disposição é considerado o vencedor do Carnaval.
Foto: Carnaval de Estarreja
Estarreja
O Carnaval de Estarreja é um dos maiores e mais antigos cortejos carnavalescos de Portugal. Atualmente, é composto por 12 Grupos (5 escolas de samba e 7 grupos de folia), envolvendo mais de mil figurantes, que ano após ano apresentam mais qualidade, imaginação e brilho, contagiando de alegria milhares de pessoas que vêm assistir a um dos maiores e mais antigos cortejos carnavalescos do país.
As primeiras referências às origens do Carnaval de Estarreja datam do final do Século XIX. Dessa altura chegaram-nos notícias das célebres "Batalha das Flores", alegres cortejos da época carnavalesca com carros alegóricos ricamente decorados e engalanados que, sob o patrocínio de algumas firmas e famílias locais, desfilavam pelas ruas de Estarreja, em plenas manifestação de alegria. Estes festejos deram o mote para aquilo que é hoje em dia o carnaval estarrejense.
Foto: Carnaval de Ovar
Ovar
Não se conhece o início das tradições Carnavalescas em Ovar, mas já em 1887 os periódicos vareiros aludiam às festividades.
Atualmente, o Carnaval de Ovar é o maior acontecimento turístico da região vareira, atraindo anualmente centenas de milhares de visitantes.
Ovar tem 20 Grupos de Carnaval e 4 Escolas de Samba, o que motivou a criação de uma Aldeia Carnaval, com todo o espaço e equipamento necessário aos trabalhos que a festa exige. Concentrou-se assim, num único espaço, atividades relacionadas com a preparação do Carnaval, que envolvem design, quer de vestuário, quer de elementos alegóricos, o desenvolvimento de estruturas mecânicas de apoio ao desfile, a experimentação de novas tecnologias, a música, a dança, o teatro de rua.
Foto: ACBFF
Buarcos/Figueira da Foz
Organizado pela Associação do Carnaval de Buarcos/Figueira da Foz (ACBFF) - depois de ter sido promovido ao longo de mais de uma década pela autarquia da Figueira da Foz - o Carnaval de Buarcos/Figueira da Foz envolve os grupos e escolas de samba do concelho, bem como as coletividades. Este é um trabalho voluntário muito meritoso, que traz à cidade quase meia centena de pessoas.
Este ano, os reis do Carnaval de Buarcos/Figueira da Foz são o cantor Sérgio Rossi e Lúcia Costa, 38 anos, uma auxiliar de ação educativa, natural de Buarcos, eleita através de uma votação popular.
Além do Carnaval de Inverno, a organização aposta ainda no Carnaval durante a época de Verão - o "Sambão".
Foto: Carnaval da Nazaré
Nazaré
O Carnaval da Nazaré define-se como sendo "único, tradicional e genuíno, sendo preparado e feito da gente para a gente”. É sem dúvida a maior festa da vila piscatória da Nazaré, que atrai milhares de turistas, bem como habitantes da região.
Desde os trajes tradicionais até às cegadas, o Carnaval da Nazaré é um evento expectado e aguardado ansiosamente pelos Nazarenos, que o vivem de uma forma profunda e apaixonante.
Todos os anos existe um “mote” que define o Carnaval Nazareno. Por norma, é uma expressão típica nazarena e que acaba por marcar o ano carnavalesco (em 2018, o mote é "N'á Pai Pá gente"). Já os Reis de Carnaval são pessoas da terra, que de uma forma ou outra contribuem ou contribuíram para a festa, sendo o reinado uma homenagem.
Antes da semana do Carnaval propriamente dita, são feitos vários bailes por algumas colectividades e associações Nazarenas, antecipando a grande festa que se avizinha nessa altura do ano. Os bailes de Máscaras são exemplo disso. Todos os fins-de-semana antes do Carnaval existe um baile, cada um numa sala diferente.
Já quando falta uma semana para o Carnaval propriamente dito, no Sábado (chamado Sábado Magro) é dia da saída de grupos como os “Bicicletas”, “Trotinetas”, “Sakanagem”, “Alberqueras” e “Tenantas”, que desfilam ao longo da vila, anunciando a chegada do Carnaval, num dia sobretudo diferente e especial.
Foto: Entrudo de Lazarim
Lazarim
Diabólicas, carrancudas e cornudas, com orelhas bicudas, barbas ou bigodes, as genuínas máscaras de Lazarim, esculpidas meticulosamente em madeira de amieiro, são uma tradição ancestral que substitui as músicas ritmadas do Brasil e invadem as ruelas desta pequena vila do concelho de Lamego.
O ponto alto do Entrudo de Lazarim é, sem dúvida, a leitura dos testamentos da comadre e do compadre na terça-feira de Carnaval. Nesta altura, tapam-se os ouvidos aos mais sensíveis, pois é o momento das verdades guardadas durante todo o ano se fazerem escutar, uma missão a cargo de dois jovens, vestidos de negro, que, desenrolando lengalengas, criticam os rapazes e as raparigas da terra.
Após os testamentos serem pronunciados, espaço para a realização de um cortejo até ao local onde o casal, representado por bonecos, é queimado simbolicamente. No final, para encerrar as comemorações do Entrudo é oferecido caldo de farinha e a feijoada a todos os presentes, ao som de uma intensa animação musical.
Foto: Carnaval da Mealhada
Mealhada
O Carnaval da Mealhada é conhecido por ser o Carnaval mais "brasileiro" do país, e terá mesmo sido o primeiro do género. Por isso mesmo, é também conhecido como "Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada".
Nesta região, existem 4 escolas de samba (Amigos da Tijuca, GRES Batuque, Real Imperatriz e Sócios da Mangueira), que depois de terem desfilado durante anos em sambódromo, passaram definitivamente para o centro da cidade, onde o desfile carnavalesco atrai milhares de pessoas ao longo de 1,5km de percurso.